quarta-feira, 6 de abril de 2011

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ESPERANÇA


hoje, aqui, agora
bater na porta dos sonhos
com a mão brincante e firme da certeza
ver que o futuro é pra onde vão meus olhos.

NO MERCADO

tá tudo combinado:
contar um monte de histórias com um tanto de sorrisos contidos e largos
com todo tempo do mundo
com todo tempo que for preciso pra embelezar a vida - enquanto o mundo fica de lado.

PRA ONDE IR



primeiro, amar
depois, pensaramar
primeiro, um passo
depois, ir em frente
com o coração no ar
com os pés no chão
com a paz – mãe-menina de todos os homens.

GERAÇÕES

terça-feira, 21 de setembro de 2010

SIGAM







seguir, sim e sempre
embalados pelos sonhos mais dengosos
sem medos, sem cheios de dedos

a ave voa
mas carrega seu pouso
trepar as vidas no sonho de gozo

sigam:
pra um achar o outro
precisa sim, perder todo juízo que for preciso.

PRIMAVERA

nem uma primavera inteira
nem o perfume de todas as flores
nada...
nada cheira tão gostoso quanto o cheiro de musa da mulher amada.

FLOR DE ESTEVA



Passeando

Caminhando

Vermelho

terça-feira, 24 de agosto de 2010

tapete

à espera do porvir
na face mágica de cada dia
o alentejo permanece
naquilo que olho
naquilo que vejo.

vendendo


todas as cores do mundo
no olhar distante, perdido
todos os cantos do mundo
guardados no silêncio da solidão

todos os panos
todos os anos
todos os nós
todos nus no descanso da alma

cada gota de suor
cada lágrima guardada no desejar
vendo, revendo
eis que os dias passam sem sorrir.

trovoada

na imensidão
no nada-tudo
a busca
a perplexidade
o encatamento
 palavras se escondem
entre a delícia e o medo
trovão, o barulho que a gente vê.

torrando café

o cheiro atiça o afeto
a saudade permanece estendida
o café, torrado na hora
traduz sabor em prosa
sem pressa

gostarinâncias impregnadas
na sensualidade das chamas
da fumaça, do remexer, dos grãos, do ser
no banzo de cada história
de cada dia, a cada dia.

tomate

cores mastigam minhas retinas:
quando olho demais da conta
quando vejo bundas e corações ao mesmo tempo
quando vejo garras e mãos no mesmo espaço
quando meu apetite de viver diz que não precisa de tanto limite.

reflexo

sem palavras
no breve azul do agora
escrever um poema, sem nome
um poema, senhora.

pedaços de rua (a hora não espera)

santo chão da esperança demorada  /  paciência que em mim recai  /  alma leve que vive e voa  /  sonho ardido que colore diuturnamente as caminhadas de pés cansados  /  doce voz que sussurra em meus ouvidos  /  luz que clareia a frente de todos os passos  /  fome que faz a força das lutas tantas  /  tez tecida em véu e suor  /  sim em sinal de sinos vazios  /  tempo que tempera a resposta  /  sangue que escorre nas lágrimas salgadas  /  grito guardado, peito partido  /  mão estendida  /  fio da navalha  /  fio de bigode  /  bigorna  /  tampa da berada  /  breve ternura olhada de perto  /  arrepios estendidos no chão  /  oh! morfa foice tal qual faca afiada – ama a vista de teu céu...  /  pés descalços  /  pedra quente  /  água  / terra quente  /  luzes  /  fogo que fere a ferida  /  vício que enverga a alma  /  riso que corta a semente  /  sal da saudade  /  sal da necessidade  /  grita novamente: oh! morfa foice tal qual faca afiada – ama a vista de teu céu...  /  besuntada vontade de toda arma  /  alma, ama a paixão da urbe  /  vive bem  /  lacra a tristeza em tonel de carvalho  /  lambe a língua doce do mel  /  sopra a sina  /  veste a felicidade  /  abraça a brava verdade  /  faz agora a hora que não espera  /  faz o que tem que ser feito  /  faz o bem feito  /  não demora e faz  /  assim  /  caminha missão  /  assim  /  o dia começa  /  assim  /  a sina ensina  /  assim  /  a vida tem pressa  /  assim  /  o momento  /  assim  /  o poema termina  /  na hora do ângelus, na lição das almas.

ovelhas

anareluscas do ontem
coisáticas de hoje
centripreiras do amanhã

sem rimas
rumo ao nada
despidas de desejos

o que não cisma de ser
vai embora na hora do agora
buscando o aonde

vai
sem saber
pra nunca mais

no mistério mágico da vida
tem vez que talvez
palavras também pareçam ovelhas.

nuvem

na imensidão das perguntas
nas respostas, apenas o infinito
tudo, tudo, tudo...

o céu

pra tecer a terceira teia
jogo uma fina camada
de canções sem letras
dose dupla de ar, arrepios.

instalo imagens
dentro da viagem dos dias
sem condução
sem condutor.

o adeus (plurais)

dois poemas solitários, passeiam
no peito, saudades ardem.

na ponte (assim assado)

continuo
procurando o riso das flores
das folhas
da brisa breve
dos olhos de toda gente.

tenho palavras e o dia inteiro pra sonhar.

na ponte (sinal de brisa)

na surpresa do gesto
o movimento do silêncio
o reencontro.

na doçura, o olhar
mora cada ternura, o afeto
no arrepio da alma, a calma.

no coração
perfumado de descobertas
dorme a voz da vontade.

na caminhada, na ponte
o melhor dos signos, a mão da alegria
quando quem ama parece dançar, quando quem dança parece amar.

indo mais longe que o anseio das manhãs
comovido, o hoje sorri
pra ficar aquietado, nos braços da saudade.

mondadeiras

de todo canto
saltam cantos, tantos.

do compasso das batidas do peito
saltam danças, dançam.

vista a vida de frente, preservando a arte
vista a arte, incensando vidas.

nas marcas ancestrais, nas raízes, mulheres
plantando novas sementes de plural alegria.

alentejomeu

pura poesia
o alentejo é um sonho que me acompanha.

lume

chamas
iluminam silêncios
corações
plantam borboletas no céu.

a alma arde
única
tão solitária
forte.

na imensidão do agora
arde livre
na doce presença do olhar
arde serenamente.

no colo das lembranças
o calor
o descanso
o sabor das saudades.

o pulo das águas no pulo do lobo

inquieta
contente
sempre bem disposta
a imaginação colhe sonhos, sorrindo.

no pulo do lobo (ou tesão)

um rio

de águas alegres e corajosas
corta
o berço

d
u
r
o

das pedras secas
sim, sim, sim
não há quem esqueça.

guadiana (o fio da meada)

avisto
o vento a voar no tempo
a embalar folhas secas
balé sem preces
sem pressa
como imã desnudado.

águas
cortam o alcance dos olhos
sem amarras, sem asas, ousadas
numa coreografia límpida
no misterioso ofício de existir
necessário, preciso, precioso.

gotas (...)

gaivota

folha

flor

espiga

entre as nuvens e o céu

céu

cante pb

cante alentejano

cal

AS TRÊS

três por 4
sombras, flores
fortes delicadas mosqueteiras
na linha tênue do tempo.

ÁRVORE

velhas amigas
a sombra e as raízes se encontram
descansam no chão, tranquilamente
verde preto azul marrom cores coisa terra céu silêncio galhos folhas
tudo, uma só poesia.

ARCO-ÍRIS

desde muito cedo,
venho procurando um tesouro que fica escondido no fim de cada arco-íris.
depois de tanto procurar, 
depois de tantos anos,
alguma coisa me diz que tenho chegado atrasado
ou venho confundindo o início e o fim com o fim do início.
pura magia,
na rima das cores procurar,
procurar, procurar, procurar...

GOTAS

.
vejo barulhos saindo do silêncio: ...!
veja
ouça.
.
 bem calmo
devagar
bem devagar.
.
como tatuagens
cravam certezas
na pele da folha.

Alentejo (para os lados de Moura)




habita o céu, todo silêncio azul que o alentejo faz o coração da gente ouvir - à procura da primeira impressão impregnada de sorrisos deliciososamente diurnos - lá, bem adiante, não carece nenhuma correria: o sol sempre chega, a vida pulsa, o olhar sempre alcança a alegria. corajosamente alegre, o alentejo encanta, mais que uma vez mais. sempre, sempre...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PASSANDO

.
o corpo cansado
cisma em buscar a alma nua
o corpo, cansado
ama, a alma nua
.
não importa o pratrasmente
nada mais importa
procurar, sempre
.
entrebuscar
cismar
achar
amar, amar
.
procura é combustível
mistérios passeiam
diante do olhar
na sombra do silêncio.
.

PÉS

.
caminhamos, juntos?
então, alegria
com vontade
soltar o coração na ponta apontada dos pés.
.
pois é
caminhar, ia
vivendo
no barro da vida.
.
há que se ter tempo
de sentar na calçada
de perder de si,mesmo
de achar, de rir.
.
toda vez
sempre
mais uma vez, nos caminhos
nós, caminhamos!...
.

ALENTEJO

saudades, espelhos dos dias
pulsam, deitam, afloram luzes
há tanta vida hávida.

tudo, tão intenso
uma terra, uma gente
mais que um mais querer.

vejo minhas Minas Gerais, em toda parte
reconheço-me, revigoro-me
do Alentejo miro o mundo.