terça-feira, 24 de agosto de 2010

pedaços de rua (a hora não espera)

santo chão da esperança demorada  /  paciência que em mim recai  /  alma leve que vive e voa  /  sonho ardido que colore diuturnamente as caminhadas de pés cansados  /  doce voz que sussurra em meus ouvidos  /  luz que clareia a frente de todos os passos  /  fome que faz a força das lutas tantas  /  tez tecida em véu e suor  /  sim em sinal de sinos vazios  /  tempo que tempera a resposta  /  sangue que escorre nas lágrimas salgadas  /  grito guardado, peito partido  /  mão estendida  /  fio da navalha  /  fio de bigode  /  bigorna  /  tampa da berada  /  breve ternura olhada de perto  /  arrepios estendidos no chão  /  oh! morfa foice tal qual faca afiada – ama a vista de teu céu...  /  pés descalços  /  pedra quente  /  água  / terra quente  /  luzes  /  fogo que fere a ferida  /  vício que enverga a alma  /  riso que corta a semente  /  sal da saudade  /  sal da necessidade  /  grita novamente: oh! morfa foice tal qual faca afiada – ama a vista de teu céu...  /  besuntada vontade de toda arma  /  alma, ama a paixão da urbe  /  vive bem  /  lacra a tristeza em tonel de carvalho  /  lambe a língua doce do mel  /  sopra a sina  /  veste a felicidade  /  abraça a brava verdade  /  faz agora a hora que não espera  /  faz o que tem que ser feito  /  faz o bem feito  /  não demora e faz  /  assim  /  caminha missão  /  assim  /  o dia começa  /  assim  /  a sina ensina  /  assim  /  a vida tem pressa  /  assim  /  o momento  /  assim  /  o poema termina  /  na hora do ângelus, na lição das almas.

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